Cabo Verde na Web Summit 2023: Empresas em fase de arranque e investimento jovem
Como nos foi astutamente comunicado por Milton Cabral, a presença num grande evento de tecnologia como a Web Summit 2023 é uma alavanca essencial para fomentar o espírito do empreendedorismo entre os participantes.
Nesta nota, conversámos brevemente com o jovem Souleymane Duarte, empresário de Cabo Verde fundador e CEO da Jack Soulman. Embora as suas aplicações aguardem ainda lançamento, Souleymane, que nos deu a primeira de certamente muitas entrevistas da sua carreira, personifica o tal espírito empreendedor a que Cabral aludia.
A tecnologia ao serviço de Cabo Verde: a história de um empreendedor apaixonado pelas ilhas
Focado na área da tecnologia, o jovem empreendedor Souleymane Duarte tem por objectivo aumentar a oferta de serviços online nas ilhas de Cabo Verde.
Nativo da Cidade da Praia, Santiago, Duarte encontra-se a estudar em Portugal, na Faculdade de Economia do Porto, onde frequenta o segundo ano da licenciatura em Gestão. Previamente, este apaixonado por tecnologia passou em 2020 pelo Unitel Creative Camp, um projeto diferenciador em Cabo Verde e sobre o qual já falámos previamente.
Trocámos algumas breves palavras com Souleymane Duarte acerca da sua nação e expectativas no que diz respeito à inovação, desenvolvimento e crescimento do mercado interno.
CaboWork: Olá. Se pudesse descrever a startup em duas ou três palavras, quais seriam?
Souleymane Duarte: Criatividade, inovação e…Morabeza! (1)
CaboWork: E qual é a atividade da empresa?
Souleymane Duarte: A minha startup, Jack Soulman, centra-se no desenvolvimento de soluções digitais para empresas. Neste momento estamos a preparar dois produtos para lançar. Uma aplicação, Menuzada.com, um software que como serviço permite aos restaurantes e hotéis criar um menu completamente digital.
E também vamos lançar em janeiro, isto é novo, um serviço de entregas de comida para Cabo Verde, piteudelivery. E sim, vamos tentar lançar mais coisas este ano e esperamos que corra tudo bem.
CaboWork: É muito empolgante. Há quanto tempo estão a ser desenvolvidos estes projetos?
Souleymane Duarte: Não há tanto tempo assim, são dois projetos que se encontram em expansão. Desde o verão que eu e a minha equipa nos temos focado em lançar a Menuzada. Identificámos um problema no mercado de Cabo Verde e por isso vimos uma solução, uma oportunidade.
Na minha equipa, Jack Soulman, quando vemos uma oportunidade aproveitamos.
CaboWork: E o que é que podemos esperar no futuro de Cabo Verde no que diz respeito à expansão no campo da tecnologia e empreendedorismo?
Souleymane Duarte: Ao falar sobre Cabo Verde fico bastante emotivo e com os olhos brilhantes. Porque o que eu vejo para Cabo Verde pode parecer uma utopia para alguns, mas eu vejo-o.
Nalguns anos, o arquipélago será verdadeiramente uma referência como hub de inovação tecnológica. As oportunidades que temos em Cabo Verde não existem noutros países. Por exemplo, a internet que temos em Cabo Verde, muitos países maiores não a têm. O que eu vejo para Cabo Verde é um futuro brilhante como hub, como referência e com muito talento.
Especificamente eu vejo o arquipélago a exportar muitos serviços. Nós não temos a capacidade de produzir bens, mas temos uma grande capacidade de produção de serviços.
CaboWork: Tudo isto é muito empolgante. E muito obrigada por falar connosco hoje. Boa sorte para o lançamento.
Souleymane Duarte: Muito obrigado!
SIKaBaDu Summit (SKB) e a diáspora de Cabo Verde em Lisboa
Paralelamente à presença de Cabo Verde na Web Summit 2023, em Portugal, a delegação cabo-verdiana organizou também o seu próprio evento na Sociedade de Geografia de Lisboa. A primeira edição da SiKaBaDu Summit contou com a promoção do Ministério da Economia Digital de Cabo Verde com o intuito de promover o desenvolvimento digital e inovação nas ilhas cabo-verdianas.
Este evento teve também outro objectivo concreto, reunir a ampla diáspora de Cabo Verde. A inspiração para o nome desta cimeira surge a partir do verso “Si ka badu ka ta biradu” (Eugénio Tavares, em “Hora di Bai”), que significa “Quem não parte, não pode voltar”. Cantada na Morna de despedida, transporta consigo um sentimento melancólico mas também o desejo de regresso.
Momento simbólico e de união da sociedade cabo-verdiana, a SKBD Summit pretende unir o empreendedorismo cabo-verdiano dentro e fora de fronteiras, chegando à diáspora do povo das ilhas através de uma nova ferramenta: o digital.
O nosso entrevistado, Souleymane Duarte, foi um dos premiados pela organização, através de um sorteio, como vencedor de bilhetes para voltar às raízes em África. Vários outros cabo-verdianos, da delegação e da diáspora, estiveram presentes na cidade de Lisboa nesta iniciativa em prol da retenção e captação de talento para as ilhas.
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(1) Uma palavra essencial no léxico de Cabo Verde, oriunda da Ilha Brava, Morabeza remete-nos para a qualidade de quem é amável, atencioso, afável e gentil. É um termo que caracteriza na perfeição o povo cabo-verdiano e o seu estabelecimento de relações interpessoais.
(2) Um dos restaurantes que já encontramos na plataforma piteudilevery.com é a Pit Stop Hamburgueria, em Praia, Palmarejo, o negócio de Kleidir Fortes capaz de agregar valor para as ilhas e do qual já havíamos falado na CaboWork.